terça-feira, 12 de abril de 2011

Memórias do SENHOR PEIXEFRITO -n* 03

Piracaia teve na sua história, uma época dourada, que foi as primeiras décadas do século vinte, quando foi
dirigida pelo seu maior politico, Coronel Thomas Cunha..

Após estas décadas, ou melhor, depois de 1938 a 1970, ficou estacionada no tempo, e aqui éra tudo precario,
educação, saúde, trabalho e outras nescessidades mais..
Vou mencionar por exemplo nesta minha historieta que esta em minha memória, como era o serviço funerário
antes de 1970, pois a partir desta data, apesar da falta de um velório, que foi construido em 1995, tinhamos uma funerária, não nescessitando mais fazer os caixões , que eram feitos manualmente pelo Sr.Antonio Branco,
sendo que os corpos dos falecidos    eram velados na própria residência..
Horas antes do enterro, o Walter Pucinélli anunciava o falecimento pelo serviço de auto-falantes "A  VÓZ  DE  PIRACAIA' que era escutado em toda cidade, convidando as pessoas para acompanhar o cortejo
com um ,fundo musical fúnebre.
O cortejo funerario saia das residências nas horas marcadas, com quatro pessoas carregando o caixão e era
acompanhado pelos familiares e amigos, que revezavam para carregar, e quando chegavam em frente da
Igreja da Matriz, paravam e levavam o caixão para dentro da Igreja, onde o Padre benzia o corpo, para
depois seguir ao cemitério, com os sinos da Igreja batendo tristes badaladas.
Quase todos os  moradores eram enterrados no cemitério municipal, com exceção dos habitantes do bairro
do Peão e vizinhanças, pois tinham seu próprio cemitério, por ser muito distante da cidade.
Quem residia em outros bairros mais próximos, e não tinha tempo para encomendar um caixão com o Snr.
Antonio Branco, ou não tinha dinheiro para paga-lo, carregavam o corpo em uma rede, ou cobertor, que
era pendurado em uma vara de madeira com dois homens em cada ponta carregando, mas sempre revesados
por outros que acompanhavam.
Quando era uma pessoa influente, um cidadão emérito, ou  uns dos componentes da banda musical, ( nossa
cidade tinha duas ótimas bandas) a banda que pertencia, acompanhava, tocando musicas fúnebres, ou do-
brados que o falecido gostava.
Em um domingo dos primeiros anos da década de 60, eu, o Waldir Aires, (Patico), e o Ismaél Mathias de
Oliveira, (Brucobaia Ludosete), estava-mos sentados na calçada, em frente o Clube Rcreativo, (estava fe-
chado), conversando e amargando a ressaca do sabado.
O bate papo era variado, inclusive sobre a desigualdade social existente no Pais, a famigerada corrupção, e
outras coisas mais, quando surgiu na praça,vindo da rua direita, quatro homens carregando um caixão fu-
nerário sem ninguém acompanhando..
Nós ficamos abismados e revoltados, e o Patico disse,"veja como é esta vida, se fosse o enterro de um rico
tinha muitas pessoas, inclusive empurrando outros, para segurar uma das alças, mas como deve ser pobre,
somente quatro homens,vamos ajuda-los?", não precisou dizer pela segunda vez saimos correndo atraz
deles, e alcançamos quando estava entrando na rua Dona Leonor Franco, não tendo parado na Igreja, e
nem os sinos tocaram as tristes badaladas.
Dos quatro homens, nos conhecia-mos o Dito Perigoso, e solicitamos permissão para ajuda-los, no que
prontamente concordaram, e ao pegarmos o caixão chegou outra pessoa , que colocando seu chapéu em
cima do caixão, segurou uma das alças, (não me lembro quem era).
E lá fomos em direção do cemitério, e nas conversas entre nós, o Ismaél disse" este coitado de ter sofrido
muito, deve estar pele e osso, o caixão esta muito leve,no que concordamos.
Descemos a rua Bragança, e pouco antes de chegar a venda do Benedito Pinheiro, o Dito Perigoso falou
"vamos dar uma parada para matar o bicho, vcs querem?, nos agradecemos e recusamos, pois estava-mos
de ressaca, somente queria-mos agua.
Eles então pegaram o caixaõ de nossas mãos,,  e para nosso espanto. colocaram em pé na parede em frente
do armazem., e entraram para beber a pinga.
Nos protestamos e falamos:"que falta de respeito, o que vcs estão fazendo não se faz, isso não é maneira de
tratar um corpo de um morto.
O Dito Perigoso falou:" nos não estamos desrespeitando ninguém, o caixão esta vasio, pois vamos buscar
o tio do Zeca, que faleceu esta noite, e mora pra lá do cemitério, mas ficamos agradecidos pela ajuda.
Nos olhamos um para o outro, e caimos na rizada, sendo que em seguida, toda cidade soube , e tivemos
de aguentar a gozação por muito tempo.


                





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